O desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos figura como uma das novas preocupações da escola contemporânea. Autoconhecimento e capacidade de lidar com as próprias emoções são exemplos de competências que passaram a ganhar a atenção das instituições de ensino. Nesse cenário, despontam como alternativa as práticas meditativas – em especial a atenção plena ou mindfulness, definida como um estado mental em que o indivíduo direciona sua atenção ao momento presente, sem julgamentos. Para isso, o exercício mais comum é fechar os olhos, deixar a coluna ereta e manter um foco de atenção, que pode ser a própria respiração.
Ainda há um longo caminho a ser trilhado em pesquisas que comprovem e detalhem os benefícios efetivos do mindfulness, que se tornou especialmente popular no mundo corporativo. Apesar disso, escolas que incorporaram a prática (ou outras técnicas de meditação) relatam melhorias principalmente na redução do estresse dos alunos, resultando num maior autocontrole. Dar aos alunos a possibilidade de parar por alguns minutos, fechar os olhos, respirar e manter o foco apresenta-se, afinal, como oportunidade de ao menos quebrar o ritmo acelerado ao qual estão acostumados e são submetidos todos os dias.
Inteligência emocional
Em Porto Alegre (RS), o projeto SENTE, iniciativa do Infapa (Instituto da Família de Porto Alegre), leva o mindfulness como parte de um programa de educação socioemocional às crianças da rede pública desde 2007. Os alunos do 5º ano – que estão a um passo de passar por uma transição importante, do ensino fundamental 1 para o 2 – passam por 12 intervenções oferecidas pelos voluntários do projeto, que incluem, entre outras atividades, a prática do mindfulness. O programa já atendeu cinco escolas, e realiza as intervenções em até quatro turmas por semestre.
“Os benefícios mais comuns relatados tanto por alunos quanto por professores estão relacionados à melhoria das relações interpessoais, o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional que diminuem a reatividade, um aumento no bem estar e maior solidariedade entre os alunos”, conta Klaus Hensel, supervisor e professor no curso de mindfulness e educação socioemocional do SENTE.
Ao ensinar a técnica para os alunos, o projeto os leva a pensar duas vezes antes de, por exemplo, entrar numa briga com um colega. O psiquiatra e psicoterapeuta José Ovídio Waldemar, criador do projeto, costuma dizer que trata-se de ensinar as crianças a terem calma: algo que, tradicionalmente, não é abordado no ambiente escolar. Aos poucos, as crianças tomam mais consciência das próprias emoções e desenvolvem a concentração. Os resultados, porém, não são imediatos: é preciso ter paciência e respeitar o tempo dos alunos, que podem levar algum tempo para se adaptar.
O mindfulness, quanto outras técnicas meditativas, não deve ser encarado como a solução dos problemas da escola, mas sim como ferramenta auxiliar. “Vejo o mindfulness como peça de um quebra-cabeça dentro da complexidade da escola, e que contribui, de forma efetiva, no desenvolvimento emocional das crianças”, avalia Alexandra Grassini, professora do Colégio Mary Ward, em São Paulo, e criadora do projeto desde o início de 2017.
Fonte:
http://www.revistaeducacao.com.br/escolas-adotam-mindfulness-e-outras-tecnicas-meditativas-para-desenvolver-habilidades-socioemocionais-dos-alunos/
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